Só quem já se aventurou a decorar ou
até mesmo a cuidar de plantas sem ajuda profissional sabe quantas
dúvidas surgem antes, durante e depois da empreitada. Leitores do site e
dos blogs de Casa e Jardim enviaram quase mil perguntas com suas
dúvidas sobre como ambientar a casa. Destas, as 55 mais recorrentes
foram selecionadas e respondidas por um time de arquitetos, designers de
interiores e paisagistas. A seguir, conheça os grandes dilemas
(resolvidos, é claro) de decoração e jardinagem
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Projeto Neza Cesar Foto: Sergio Dedivitiis
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Móveis e objetos
1. É moda usar quadros no chão, encostados na parede?
Depende da casa. A arquiteta Consuelo Jorge diz já ter visto até
livros empilhados no chão. Mas alerta para o perigo de, em vez de
despojamento, a idéia remeter à bagunça e à falta de organização. 'Acho
mais viável apoiar uma tela num aparador, por exemplo', diz Consuelo.
Outro exemplo é usar um quadro pequeno sobre livros na estante. 'Uma
tela ou foto só devem ficar no chão, apoiados na parede, se forem muito
grandes, assim como o ambiente em que estiverem.'
2. Ter tapetes e cortinas é uma obrigação?
'Não é uma obrigação, mas, sem dúvida, eles deixam os ambientes mais aconchegantes', diz o arquiteto Ricardo Caminada.
3. O tamanho do tapete deve ser proporcional ao quê?
Para os arquitetos Ricardo Miura e Carla Yasuda, o tapete deve ser
proporcional ao ambiente, mas também deve ter uma relação com o
mobiliário daquele espaço. Além disso, segundo a dupla, eles servem para
definir ambientes. Por exemplo: numa sala com living, home theater e
jantar espacialmente integrados, cada tapete fará parte de uma
composição, tendo relação direta com os móveis.
4. É possível misturar estilos diferentes na decoração?
Desde que deixe clara a sua intenção, não há problema algum. O critério,
nesse caso, é a falta de critério. Porém, o que determina a mistura é o
bom senso e isso nem todos têm quando o assunto é decoração. Para não
errar, a arquiteta Zize Zink sugere que seja dado apenas um toque em
outro estilo (foto) ou que se destaque um móvel herdado, que conte uma
história de família. A arquiteta Consuelo Jorge também aprova a mistura.
'Num living, se quiser dar umas pitadas de ousadia, criar contrastes,
vale usar peças neutras, como sofás no tom cru, e uma mesa de centro de
madeira antiga ou uma peça de antiquário. Numa sala de jantar, dá para
colocar uma mesa de desenho mais reto com cadeiras no estilo Luís 15',
diz Consuelo.
5. O que pode ser colocado na parede quando não se tem dinheiro para investir em obras de arte?
Prefira boas fotos ou gravuras. Os mais moderninhos podem apostar nos
adesivos ou até numa composição formada por molduras trabalhadas vazias.
Se preferir, tente emoldurar um tecido de estampa bonita. Outra
possibilidade são os papéis de parede, mas, como a maioria é importada,
pode sair caro. Apesar de todas essas sugestões, a arquiteta Consuelo
Jorge ainda prefere as obras de arte e dá a dica: 'Procure artistas que
estão começando ou os que imprimem seus desenhos originais'. Ela também
indica o uso de espelhos, de cima a baixo numa parede, que ainda têm a
vantagem de 'ampliar' o ambiente.
6. Existe alguma regra para que os itens básicos de uma sala combinem entre si?
Para Ricardo Caminada, a regra, mais uma vez, é o bom senso. 'Não acho
necessário que tudo seja combinadinho, mas as coisas devem ter uma
afinidade quanto à proporção, às cores e texturas e, principalmente,
serem adequadas ao tamanho do espaço que vão ocupar. Antes de comprar
aquele sofá gigante, que lhe parece tão confortável, veja se ele não é
demais para a sua sala.
7. Sofá de couro falso é brega? Podem-se colocar mantas nele para aquecê-lo?
'Infelizmente, a maioria dos sofás com esse revestimento é de gosto
duvidoso, mas, talvez, se fossem executados por um tapeceiro, poderiam
se livrar desse estigma', diz a arquiteta Naomi Abe. 'Não existe coisa
feia, mas mal empregada', completa. Sobre a manta, Naomi acredita que
quando se coloca uma de boa qualidade, ela sempre dará um toque de
sofisticação. Para ficar bem colocada, estique a peça no encosto e
prenda-a por baixo da almofada do assento.
8. Numa sala ambientada com futons, quais outros móveis compõem com eles?
Não há nada que impeça uma mistura em termos estéticos, de estilo, mas é
preciso manter a proporção entre as peças. 'É importante pensar nas
formas de uso e nas medidas dos móveis complementares. Se for futon como
sofá, em geral mais baixo, as mesas de apoio e de centro, bancos ou
pufes também deverão ser mais baixos', dizem Ricardo Miura e Carla
Yasuda.
9. Todos os ambientes da casa devem seguir o mesmo estilo?
'Sou a favor de que a casa toda tenha uma unidade', afirma Consuelo
Jorge. Não é obrigatório que todos os ambientes tenham o mesmo estilo,
mas, segundo a arquiteta, 'devem ter uma linguagem única, da porta da
social à de serviço. 'Não dá para pôr uma madeira no piso e outra
madeira diferente em outro ambiente.'
Dica
Não só a estética, mas o local onde ficará disposto também deve ser
levado em conta na hora de escolher o sofá. Se for para uma sala de TV
ou home theater, dê preferência aos mais moles, profundos e baixos,
feitos para se jogar, deitar mesmo. Num living, melhor os mais firmes,
altos e menos profundos para tornar o bate-papo mais confortável e
facilitar o ato de se levantar e sentar.
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O ambiente mistura móvel oriental da L'Oeil, sofá moderno da Micasa e abajur, cinzeiro
e Muranos do Antiquário Ivy
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10. Quais são os melhores pisos para quem tem gatos e cachorros?
'Acredito que a primeira coisa a se pensar nessa situação é a facilidade
de manutenção e limpeza. O ideal são materiais de pouca absorção, como
pisos cerâmicos, com o mínimo de distanciamento no rejunte', afirma
Ricardo Caminada. Segundo ele, pisos de madeira de demolição são ótimos
(foto), assim como os com aplicação de sinteco de alta resistência, que
não riscam com as patinhas dos animais. 'No caso de tapetes, sugiro os
de náilon por serem fáceis de limpar e mancharem menos.'
11. A madeira das portas tem de combinar com a do piso e dos armários?
Ela pode combinar, mas não é regra, segundo os arquitetos Ricardo Miura e
Carla Yasuda. Para eles, tudo depende da composição geral e da
proposta. 'Em projeto recente, mantivemos as portas internas em branco,
definimos armários com o corpo branco, colocamos piso de madeira e
trocamos a porta principal por uma da mesma madeira. Acrescentamos
painéis de correr no living de acesso à cozinha e ao hall íntimo, tudo
compondo com a porta da entrada', contam.
12. Como acertar na cor do rejunte?
'O revestimento sempre deve se sobressair ao rejunte', ressalta o
arquiteto Diego Revollo. Portanto, quanto mais invisível e imperceptível
ele for, melhor. A regra é que a cor predominante do revestimento
determine a do rejunte. 'No caso de pisos coloridos, o rejunte deve
seguir o tom que predomina nas bordas, sendo levemente mais claro, pois,
com o tempo, escurecerá.' Na dúvida, Diego sugere que se faça uma
pequena amostra no local. Espere secar para checar se o tom obtido está
correto.
13. Em casas integradas, pode haver variação de piso entre um ambiente e outro?
O piso é justamente um dos elementos que contribuem para a integração
dos espaços. Diego Revollo diz que, sempre que possível, deve-se tentar
manter o piso para reforçar a sensação de ambiente único. 'Às vezes, no
entanto, uma cozinha não pode receber o mesmo piso de uma sala por este
ser delicado ou desaconselhável para uma área úmida e de trabalho. Nesse
caso, prefira um modelo mais decorativo e que atenda às necessidades',
diz. E exemplifica: 'Pode-se integrar uma sala com piso de madeira a uma
cozinha de ladrilhos hidráulicos usando-se, nesta, armários também de
madeira' (foto).
14. Qual é a altura ideal para o rodapé? Ele deve
combinar com o piso, a parede ou os batentes? E quando o piso for de
cimento queimado?
Não existe uma altura certa para o rodapé. Diego Revollo diz que ele
precisa ser pensado junto com os outros acabamentos, como piso, portas e
guarnições, e sua altura varia conforme a proposta. Para um resultado
sofisticado e limpo, Diego aposta em modelos altos semilaqueados de
branco, combinando com as portas e guarnições no mesmo acabamento. 'A
vantagem, neste caso, é que o rodapé pode disfarçar os pontos elétricos,
pois todas as tomadas estarão na faixa lisa do rodapé', diz. Para um
resultado informal, o arquiteto aconselha o rodapé de altura média da
mesma madeira do piso e das portas, que, segundo ele, deixa o ambiente
quente e aconchegante. 'Se a idéia for mais contemporânea, como um piso
de cimento queimado, de limestone ou mármore, o ideal é abandonar o uso
do rodapé e usar cantoneiras de metal embutidas na parede, criando uma
sombra no arremate entre a parede e o piso', afirma. 'Além de ser um
detalhe discreto, a sombra dá a sensação de as paredes estarem
suspensas, descoladas do piso', completa. Dica importante: deve-se
sempre padronizar um modelo de rodapé para toda a área social e íntima
da casa.
15. Fica bom azulejar a cozinha inteira?
Para Ricardo Miura e Carla Yasuda, depende do projeto e do azulejo
escolhido - como quase tudo em decoração. 'Mas pode ficar legal', dizem.
'Devemos atentar para a paginação, a cor do azulejo e o rejunte',
completam. Por exemplo: paredes revestidas com azulejos brancos devem
receber rejunte branco - como já comentado por Diego Revollo - para dar
uniformidade e formar um fundo neutro para os demais elementos.
Lembre-se, apenas, de sempre usar revestimento cerâmico atrás da pia e
do fogão para proteger a parede de respingos de água e óleo.
16. Esquadrias de alumínio combinam com porta de madeira?
Sim. O importante, segundo Ricardo Miura e Carla Yasuda, é saber
combinar materiais e cores. 'Muitos apartamentos são entregues com
caixilhos de alumínio branco, não havendo nenhum problema em ter portas
internas de madeira, até contrastando com as externas', garantem. Eles
contam que, num imóvel novo que repaginaram, os caixilhos são brancos,
assim como as portas internas, de madeira pintada. Porém, nada impediria
o uso de portas no tom da madeira, desde que haja uma ligação delas com
outro item da decoração, como o piso
Dica
Tire partido do piso para dar a impressão de ambientes maiores, se
necessário. Assim como acontece com as roupas listradas, tábuas
compridas de madeira alongam o espaço. Desenhos mais trabalhados, como o
parquet, não transmitem essa sensação. No caso de pisos frios, prefira
peças maiores, com menos emendas.
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Piso de madeira de demolição, do Espaço Santana, e tapete que leva náilon,
da Nani Chinelatto
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Na sala, tacões de amêndola, da Lavoro e Arte, e, na cozinha, piso de ladrilho hidráulico, da Ornatos Nossa Senhora da Penha
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17. Como aproveitar a área sob a escada?
Depende do projeto e do que se pretende. 'Há casos em que a escada foi
feita para não ter nada embaixo, mesmo em construções menores, para dar
amplitude ao ambiente ou valorizar um elemento arquitetônico', dizem
Ricardo Miura e Carla Yasuda. Segundo a dupla, é possível compor
armários discretos, fazendo a volumetria da escada por meio de portas
com fecho-toque lisas ou com alguns nichos para vinhos. 'Uma opção mais a
ver com a proposta de valorização do espaço seria fazer uma base de
alvenaria para apoiar os equipamentos de áudio e vídeo ou um móvel
baixo, usando a TV suspensa paralela à escada', sugerem.
18. Um colchão de molas pode ser transformado em sofá?
Para Naomi Abe, depende do caso. 'Se o ambiente for informal e jovem,
pode-se colocar uma colcha estruturada com almofadas descontraídas e
coloridas sobre ele, criando assim
um espaço agradável e tirando a possível impressão de uma cama perdida na sala.'
19. Quais cores, cortina e tapetes usar para deixar a sala mais ampla?
Cores claras sempre dão sensação de amplitude. No caso de cortinas,
Ricardo Caminada usa xales e pregas verticais quando a intenção é
aumentar o pé-direito. Se a idéia for deixar a sala mais comprida,
prefiro painéis, que dão uma impressão longilínea. 'Tapetes listrados
também podem ajudar nessa sensação', garante.
20. É possível organizar um escritório na sala de um apartamento pequeno?
Segundo Diego Revollo, o ideal é concentrar tudo em uma parede. 'O
desafio está em projetar uma única estante que agregue todas as funções:
áreas para trabalhar, para abrigar a TV e demais equipamentos e espaço
para livros e objetos' (foto), conta o arquiteto. 'Uma estante moderna e
assimétrica, porém equilibrada, conseguirá unir diferentes alturas e
divisões conforme o uso de cada trecho', completa.
21. De que forma guardar roupas em quartos pequenos sem ter de apelar para os roupeiros de seis portas de lojas populares?
'As lojas populares têm armários de seis portas ótimos, mas um
desses nunca é feito para um quarto pequeno. Tente um de três portas, de
preferência em tons neutros, como o branco, podendo até comprar um
baratinho e pagar em muitas vezes', diz o designer de interiores Marcelo
Rosenbaum.
22. Como acomodar filhos de idades diferentes (e até mesmo sexos diferentes) num mesmo quarto?
Não há muito o que pensar. O jeito é fazer um canto para cada um
deles. O segredo, segundo a designer de interiores Neza Cesar, está em
misturar os objetos em comum de forma alegre e bem-humorada.
Dica
Cadeira costuma ser um item caro na decoração. Se a idéia for conter
gastos, vale reaproveitar a que você tem. Assim como os sofás, elas
também podem receber uma capa que as cubram por inteiro: do encosto aos
pés, como um vestido. Prefira tecidos com estampas, de preferência
grandes, porque as miúdas podem poluir o visual.
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A estante, feita pela Marcenaria Lionço, reúne TV, computador, livros e objetos
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23. Qual é a melhor maneira de aproveitar as tendências sem se deixar levar pela moda?
'A tendência pode ser boa quando a gente se identifica com o
comportamento que está por trás dela e não apenas com o objeto em si',
diz Marcelo Rosenbaum. 'Se essa atitude nos disser alguma coisa, tudo
bem. Caso contrário, melhor ser feliz e deixar a tendência de lado',
completa.
24. Como fazer o quarto ficar aconchegante mesmo se decorado com móveis populares?
Para Marcelo Rosenbaum, os móveis são os que menos contam na hora de
deixar o quarto ou qualquer outro ambiente aconchegante. 'Deixar gostoso
depende muito mais do jeito como os móveis estão dispostos e dos
objetos que a gente coloca', diz. 'Sempre penso como é a vida da pessoa
que vai ocupar o espaço, tento entender o que ela gosta e monto o
ambiente a partir disso. Quase sempre dá muito certo porque fica com a
cara da pessoa, com ou sem móveis populares', ensina.
25. É errado usar TV na sala ou só se deve deixá-la nos quartos ou em alguma sala específica?
Depende da vontade do morador, do estilo de vida a que ele se propõe e,
muitas vezes, do espaço disponível, segundo Ricardo Miura e Carla
Yasuda. Para eles, é cada vez mais comum tê-la numa sala onde tudo
acontece, do bate-papo ao jantar, da TV à leitura, assim como deixá-la
nos quartos. 'No caso de famílias, pensando em usos específicos, talvez
seja necessária uma sala separada para o equipamento', dizem. Pode
acontecer de os filhos e pais terem horários diferentes de usos ou de
haver um cinéfilo que gostaria de ter uma qualidade superior de áudio e
vídeo para ver seus filmes.
26. É brega usar fotos grandes do casal para decorar uma parede do quarto?
'Aí volta a questão do aconchegante. O quarto é do casal e se ele tem
essa vontade, a foto pode ficar bacana porque tem a ver com a história
dele', garante Marcelo Rosenbaum. De toda forma, deixe as fotos pessoais
para as áreas íntimas da casa, como o corredor que leva aos quartos. Se
forem muitas imagens, disponha-as na parede a partir de 40 cm do piso.
Dica Em Terapia do Apartamento
(Editora Pensamento-Cultrix, 226 págs.), o designer de interiores
norte-americano Maxwell Gillingham-Ryan ensina uma técnica para
transformar sua casa em oito semanas. É uma espécie de auto-ajuda da
decoração com dicas preciosas e quase nunca ligadas a gastos com
compras. O livro deu origem ao blog apartmenttherapy.com e custa cerca
de R$ 33.
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Sala no estilo anos 1960,
projeto dos arquitetos Antonio Ferreira Junior e Mario Celso Bernardes,
com móveis da Filter e fotografias de época
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27. Como misturar estampas diferentes em um ambiente?
Uma boa regra é primeiro escolher o tecido estampado (floral,
figurativo, geométrico), indicado para as almofadas. Só então decida as
demais, que podem ser lisas ou com textura (para cortinas e sofás) e
listrados para as outras almofadas, pufe ou poltrona. Listras, aliás,
combinam com qualquer outra estampa. Neza Cesar dá outra dica: 'Use uma
cor ou duas que se repitam nas diferentes estampas. Elas viram a ligação
entre os desenhos'.
28. Se as paredes forem brancas, qual cor deve ser usada nas portas e batentes?
Para Neza Cesar, as portas e os batentes devem sempre ser brancos, mesmo
que as paredes sejam coloridas. Se ainda assim quiser variar, opte
pelos off-white, ou seja, os brancos tingidos. Para o acabamento,
prefira as tintas acetinadas ou foscas. As brilhantes ressaltam
imperfeições.
29. É possível pintar as portas de cores distintas em cada lado?
'É possível, mas eu quase nunca uso este recurso, só em casos muito
especiais', diz Neza Cesar. Melhor evitar, porque a chance de o
resultado ser esteticamente desastroso é grande.
30. Como combinar as cores do sofá, do tapete, da cortina e das almofadas?
Há certas composições de cores que remetem a estilos, como o indiano, o
Provence e o chinês. Definir um gênero ajuda na montagem. Neza Cesar diz
que sempre prefere usar tons neutros nas cortinas. 'O sofá pode ser de
uma cor intensa e que cause presença', afirma. Como as almofadas são
coadjuvantes, ela sugere que uma ou duas delas repitam a cor do sofá.
'As outras podem contrastar com elas ou formar um degradê.' Segundo a
profissional, o tapete depende do gosto do morador: pode ser neutro ou
impactante.
Dica Aos que têm medo ou desconfiança na hora de misturar cores completamente diferentes, vale visitar o site Colour Lovers (www.colourlovers.com). Lá, é oferecida uma infinidade de paletas com todo tipo de combinação de tons. Escolha a sua e divirta-se!
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Apesar de bem colorida, repare
que a sala, projeto de Neza Cesar, repete cores e tons. Tudo gira em
torno do berinjela e do turquesa. Paredes pintadas com Tintas Ypiranga,
tecidos da Again e tapete feito sob encomenda pela Punto e Filo
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Foto: Sergio Dedivitiis
31. Como conseguir aquelas estantes maravilhosas,
mesclando objetos de arte com livros? Onde colocar os livros que
realmente são manuseados e estão com a aparência mais desgastada?
Se o móvel tiver uma parte fechada, não tem nem o que pensar, deixe os
livros mais velhinhos lá. Caso contrário, Consuelo Jorge sugere que eles
sejam organizados em espaços no móvel, num nicho ou canto. 'Eles podem
ficar deitados por ordem de tamanho com um objeto em cima', afirma. 'O
importante é deixar os livros que realmente são usados à mão - ainda que
velhinhos', diz a arquiteta.
32. Em quartos, fala-se muito de cabeceiras. Mas o que pode ser colocado na parede oposta a ela?
'Depende do tamanho do quarto e das necessidades de quem o usa', diz
Ricardo Caminada. Segundo ele, pode ser um painel com TV, um sofá ou
poltrona para leitura ou uma bancada para estudos.
33. O que fazer para decorar uma estante se não há livros suficientes para preencher as
prateleiras? Vale deixar alguma coleção à mostra, colocar DVDs, porta-retratos...?
Naomi Abe acredita que os livros sejam quase fundamentais para que a
estante fique linda, mas, ainda segundo ela, é possível ambientá-la com
pouca coisa, colocando vasos de uma mesma cor, só objetos de uma coleção
ou só porta-retratos - desde que tenham a mesma linguagem. 'O que não
dá é prenchê-la com tudo o que temos sobrando em casa', desabafa.
34. Qual tipo de cortina usar quando a cama fica embaixo da janela?
De uma maneira geral, quando a cabeceira é solta da parede, Ricardo
Caminada sempre usa a cortina até o chão, independentemente do modelo
(foto). Quando ela é fixa, a cortina vai até 15 cm abaixo do peitoril.
35. Como dispor os objetos de decoração? O que fica melhor no aparador, na estante, na mesa de centro...
Consuelo Jorge diz que tem de haver simetria e volumetria. Num aparador,
por exemplo, sugere o uso de dois vasos de um mesmo lado, com uns 40 cm
de altura, e, do outro, uma bandeja com garrafas de vidro, de alturas
similares à dos vasos. Já na mesa de centro, indica peças baixas. 'Pode
ser um vaso baixo com uma orquídea, uns livros de arte, duas caixinhas
de couro ou madrepérola... Numa estante, Consuelo usa três vasos iguais
de um lado, organiza livros conforme os tamanhos, dos maiores para os
menores, deita uns e coloca objetos em cima. 'Tem que ter um pouco de
bom senso. Olhe de longe, peça a opinião de outra pessoa... Vá testando
até chegar lá.'
36. Se, numa sala de jantar, não há como o lustre ficar centralizado com a mesa, o que fazer?
'Uma luminária articulada, como a Tolomeu Decentrato (à venda na
Dominici) é uma ótima escolha', diz Diego Revollo. A peça possui braço
articulado para poder ajustar a posição do ponto de luz em relação ao
centro da mesa. Há outros modelos no mercado que oferecem o mesmo
recurso. 'Se a proposta for mais moderna, não vejo problema em ter um
lustre totalmente assimétrico em relação à mesa. Ele pode estar
exageradamente deslocado para um dos extremos, caso a mesa seja
retangular, por exemplo', diz o arquiteto. E alerta: 'Seja cuidadoso na
escolha do lustre e da mesa para que a solução reforce o caráter
intencional da proposta'.
37. Como organizar quadros na parede?
A dica é de Naomi Abe. 'Para quem possui vários quadros, de diversos
tamanhos e linguagens diferentes, o ideal é colocá-los no chão, à frente
do espaço onde você gostaria de pendurá-los. Lá mesmo, no piso, faça a
composição e os alinhamentos criando, assim, uma harmonia entre eles.'
Lembrando que não precisam ter molduras iguais. A graça, o dinamismo,
está em usar modelos de diferentes texturas em harmonia.
38. Qual é a altura ideal para se pendurar quadros?
'Não acredito em regras para quadros e, sim, no equilíbrio do conjunto',
comenta Diego Revollo. Para ele, o quadro deve complementar o ambiente,
levando em conta todas as interferências que já existem no local. Além
disso, deve-se ter em mente qual a intenção e qual o resultado que se
pretende. Ele pode ser a principal estrela e ponto focal de uma parede
ou simplesmente contracenar com outras peças do mobiliário: pendurado
próximo a outros elementos, apoiado no chão ou em aparadores. Mas Diego
dá uma colher de chá: 'De maneira geral, os quadros ficam mais elegantes
quando estão da linha dos olhos para baixo, mas, novamente, deve-se
estar atento ao conjunto e aos elementos ao redor'.
39. As cortinas devem combinar com o quê?
Segundo Naomi Abe, se você não quer comprometimento com o mobiliário,
prefira modelos de tecidos neutros, como o branco e o cru. 'Se quiser um
ambiente personalizado, o ideal é, antes de tudo, até da escolha da cor
da parede, fazer um composê de tecidos, combinando os dos sofás, das
poltronas, almofadas e cortinas. Só assim terá um ambiente harmônico.'
40. Quais são as medidas ideais para a instalação de uma cortina?
Ricardo Caminada gosta das cortinas que seguem até o chão e dá uma dica: 'Avanço 15 cm nas laterais da janela'.
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Cortina up and down, de voile duplo, feita à mão por Adão Casarrara
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41. Dá para ter plantas embaixo de escadas?
A resposta é sim, desde que a escolha das espécies obedeça a algumas
regras, como indica o paisagista Roberto Riscala. 'O jardim não pode
ultrapassar o limite da área da escada, portanto, evite plantas que
cresçam lateral e verticalmente', afirma o paisagista. Se houver
insolação, use zamioculca, asplênio, agave e alguns tipos de bromélia.
Em áreas de sombra, prefira pacová, lírio-da-paz ou palmeira-ráfia.
42. Existem espécies fora de moda ou o que manda é o gosto do morador? Samambaia pendurada é brega?
Quando os produtores investem na criação de uma planta, ela
inevitavelmente entra na moda. Mas isso não significa que as outras
fiquem ultrapassadas. 'A regra para plantas é: se você gosta, compre',
diz a paisagista Maringá Pilz. Há 30 anos, em sua primeira casa, ela
criou uma cortina de samambaias com diferentes alturas ao longo da
janela. A idéia continua atual.
43. Quais são as espécies ideais para se ter na sala?
A escolha é determinada pelos fatores insolação e espaço, como afirma a
paisagista Jeane Calderan, da Calux Jardins. 'Se a sala tem boa
insolação, use espécies escultóricas, como lança-de-são-jorge,
pata-de-elefante, pândanos e bambu-mossô. Os filodendros babosa-de-pau,
tracoá e guaimbê-da-folha-ondulada são indicados quando há espaço. Além
deles, as palmáceas vão muito bem em ambientes internos. Algumas delas:
ráfia, pleomele verde, zâmia, areca-bambu e vários tipos de camaedórea
(camedórea-bambu, palmeira-metálica, palmeirinha-bambu e
camedórea-elegante).'
44. Que tipo de planta pode ficar no banheiro?
Locais com muita umidade e pouca ventilação e insolação não oferecem
condições para o cultivo de plantas. 'Uma rara exceção é o bálsamo, uma
herbácea suculenta que vive nas regiões desérticas do México e,
portanto, suporta condições extremas', diz a paisagista Ana Claudia e
Costta Pinto. A planta é tida como curativa porque o sumo de suas folhas
é cicatrizante.
45. Alguma erva ou tempero pode ficar na lavanderia e receber sol apenas pelo vidro da janela?
Nessas condições, a lavanderia vai funcionar como uma estufa, então,
dobram-se os cuidados, como previne a paisagista Helena Justo: 'Eles
precisam de quatro horas diárias de sol direto e regas diárias. Mas, em
estufas, o ideal é borrifar água pelo menos duas vezes ao dia'.
Dica
Cuidado ao misturar ervas e temperos no mesmo vaso. Espécies
forrageiras (rasteiras), como hortelã, manjerona, tomilho, orégano e
capuchinha, não podem dividir a mesma terra. Prefira plantá-las junto de
espécies arbustivas (com caule), como alecrim, manjericão, sálvia,
louro, capim-limão e cidreira.
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No projeto dos paisagistas João Jadão e Cid Carvalho, palmeiras-ráfias e lírios-da-paz enchem a base da escada
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O bálsamo aceita sol ou sombra em excesso
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46. Quais plantas são venenosas para animais?
Entre as mais comuns em jardins estão comigo-ninguém-pode,
costela-de-adão, espirradeira, azaléia, filodendro, bico-de-papagaio,
trombeta-cheirosa, íris, tulipa e narciso. 'As plantas tóxicas causam
vômito, diarréia, convulsões e salivação. O mais recomendado, em todos
os casos, é levar o animal ao veterinário', diz a veterinária Adalgisa
Mara de Souza.
47. Como usar pedriscos brancos sem que encardam com a chuva?
Basta criar uma contenção entre a terra e o pedrisco. A paisagista
Sylvia Ferraz da Luz, da Topiária Paisagismo, acrescenta uma leve camada
de areia e, sobre ela, uma manta de poliéster. 'Isso ainda evita que
cresça mato entre o pedrisco', afirma.
48. Que tipo de vaso usar para cada planta?
Embora não exista regra, o importante é manter uma proporção
agradável entre o vaso e a planta. A paisagista Mariana Abbud,
sócia-proprietária da loja de vasos Linha Levve, sugere algumas
combinações: vasos bojudos, de 50 x 50 cm, são bons para o
desenvolvimento de plantas, como a licuala. Vasos compridos e estreitos,
de 1 x 0,40 m, ficam bem com plantas baixas e volumosas, como pacová e
filodendro. Vasos de boca estreita e esféricos exigem plantas de tronco
único e forma escultórica, como bambu-mossô e dracena arbórea. Os
pequenos, de 40 x 40 cm, combinam com plantas menores, como antúrios e
lírios-da-paz. Floreiras criam visuais lineares e delimitam espaços.
Funcionam como guarda-corpo com moréias e miniixoras. As bacias são
utilizadas com plantas baixas, ervas e temperos e forrações. Na sala,
ficam bem com plantas, como a pata-de-elefante, que tem tronco pequeno e
escultórico.
49. Qual é a melhor maneira de conduzir trepadeiras?
Em pérgolas, arcos, treliças, cercas, paredes e muros, a condução
vai depender do tipo de trepadeira. 'As que possuem gavinhas
(sarmentosas), só precisam de um tronco, arco ou cerca para grudar, se
enroscar e subir. As escandentes e de caules torcidos tipo cipó são
conduzidas por amarrilhos (arame encapado, barbante, cordão de sisal,
fio de náilon e cabo de aço) para não caírem com o peso. Há também as
adventícias, que usam a raiz para se fixar à parede ou ao muro', afirma a
paisagista Paula Galbi.
50. Como solucionar o paisagismo de calçadas?
A calçada ideal para o paisagista Gilberto Elkis pede uma circulação
com largura mínima de 1,20 m, que pode ser revestida com mosaico
português (foto), cimento modular, tijolo, arenito e fulget. O cálculo
ainda prevê uma área permeável, portanto acrescente, no mínimo, mais
0,60 m para a grama. Árvores pouco invasivas, como o bambu-mossô reto
(foto), podem ladear a fachada sem atrapalhar o passeio.
51. Como ter plantas em espaços pequenos?
Cobrir muros e paredes com trepadeiras, como hera ou unha-de-gato,
aumenta a sensação de verde. Painéis verticais com orquídeas
(meia-sombra), chifres-de-veado (sombra) e bromélias (sol) são outra
idéia do paisagista Benedito Abbud. Sua lista ainda inclui canteiros ou
vasos estreitos, de 40 a 50 cm de largura, junto a muros, e para os vãos
e cantos, espécies de destaque, como frutíferas. 'Procure prolongar o
mesmo piso para fora de casa. Pode ser com uma cerâmica que lembre
tijolo, seixos soltos ou granilha de mármore', indica.
52. Tem solução o problema das plantas preguiçosas para florir? Quais são os tipos de adubo para cada finalidade?
Para estimular a floração, o engenheiro agrônomo Marcello Manzano
Santero, da Dimy Produtos para Jardinagem, sugere o uso do adubo mineral
NPK 4 14 8, que é uma boa fonte de fósforo e potássio. Após a floração,
faça a manutenção da planta com o adubo mineral NPK 10 10 10, que
incentiva o crescimento dos galhos e brotos. 'O ideal é misturar adubos
minerais e orgânicos, como o húmus de minhoca, e usá-los a cada dois
meses nas plantas', afirma Marcello.
53. Plantas tropicais podem ser misturadas com rosas?
Topiarias valem com helicônia? Bromélias e rosas combinam? Quais são os
'casamentos' possíveis de se fazer com plantas?
'Tudo pode, desde que haja senso crítico e estético.' É o que afirma
o paisagista Alex Hanazaki. Em seus projetos, a mistura obedece a
regras de textura, forma, proporção e volumetria. 'Um maciço de viburno,
seguido por estrelítzia, pode dar certo, desde que os dois sejam
podados', diz. Outra dica para misturar é distanciar espécies muito
diferentes. Mude a perspectiva para não haver conflito.
54. Há um jeito de esconder o ar- condicionado em varandas?
O ar-condicionado pode ser camuflado por um painel de plantas, como
este (foto), sugerido pela paisagista Drica Diogo, da Pateo Paisagismo. A
peça de 1,14 x 0,04 x 1 m, com abertura de 90º, tem molduras e quadros
de ferro com xaxim, que abrigam ripsális, columéias, chifres-de-veado,
bromélias e orquídeas. 'O painel facilita o acesso ao equipamento e a
sua manutenção, além de ter valor acústico, porque reduz o barulho chato
do aparelho', afirma Drica.
55. Como prever caminhos?
Áreas de circulação pedem passeios mais largos, com 1,50 m de
largura. Tão importante quanto isso, a escolha de materiais
antiderrapantes previne as indesejáveis escorregadinhas. O paisagista
Alexandre Fang indica o uso de placas de arenito, miracema, granito
rústico e tijolo. Para assentar os tijolos e materiais mais frágeis,
vale a dica: 'Faça uma moldura com sarrafos de madeira ao redor da
suposta pisada. Ela servirá de molde. Retire parte da terra e substitua
por argamassa. Isso garantirá a firmeza da pisada', diz Alexandre. O
espaço entre elas pode ser preenchido com vegetação rasteira, como
grama-preta (para áreas de sombra) ou grama-esmeralda (para áreas de
sol).
Dica
A eficiência do adubo orgânico depende da sua proximidade à raiz. Nada
de jogá-lo só sobre a terra, como o adubo mineral. É preciso
incorporá-lo ao vaso, revolvendo toda a terra.
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Pelo menos 1/3 da área desta calçada é permeável. O resto é reservado à circulação
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Ninguém nota a presença do ar-condicionado,
escondido pelo painel de ferro pivotante